Bruno Boaventura Mota chefiou uma operação deflagrada num depósito irregular de 180 toneladas de resíduos hospitalares em um galpão no Distrito Agroindustrial de Araguaína (Daiara), tendo como alvo da operação o ex-juiz eleitoral João Olinto Garcia de Oliveira, pai do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB), líder do governador Mauro Carlesse (PHS) na Assembleia.
O Delegado Regional de Araguaína já havia alertado na manhã desta Sexta feira (16), em sua página pessoal do Facebook que iria ser exonerado do cargo, o que foi confirmado posteriormente pela publicação no Diário Oficial do Estado do Tocantins de nº 5.238 de 16 de Novembro de 2018, na página 07.
Na publicação oficial, consta ainda "talvez para despistar" os nomes de outros 11 servidores da SSP que também respondiam pela Função Comissionada de Delegado Regional de Polícia Civil (FCSP-9), dentre eles o Delegado Regional em Tocantinópolis Tiago Daniel de Moraes.
Os exonerados foram:
1. ABELICE ABADIA DA CUNHA OLIVEIRA, matrícula 528708-4;
2. ADRIANO CARRASCO DOS SANTOS, matrícula 1177966-1;
3. AFONSO JOSÉ AZEVEDO DE LYRA FILHO, matrícula 1125168-1;
4. BRUNO BOAVENTURA MOTA, matrícula 11589515-1;
5. CLECYWS ANTÔNIO DE CASTRO ALVES, matrícula 316304-2;
6. EDUARDO MORAIS ARTIAGA, matrícula 503773-1;
7. JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA, matrícula 589631-1;
8. LUCÉLIA MARIA MARQUES BENTO, matrícula 847292-2;
9. OLODES MARIA DE OLIVEIRA FREITAS, matrícula 780860-1;
10. RAIMUNDA BEZERRA DE SOUZA, matrícula 894075-3;
11. TIAGO DANIEL DE MORAES, matrícula 290376-1;
12. WAGNER RAYELLY PEREIRA SIQUEIRA, matrícula 72385-3.
Ao ficar sabendo da exoneração do cargo de delegado regional, Bruno Boaventura publicou o seguinte texto em sua página pessoal no facebook: "Há exatamente 08 anos fui nomeado Delegado de Polícia em Santa Catarina. Deixei amigos para trás para tentar algo novo no Estado que me acolheu há 30 anos. Aprovado no concurso em 2014, fui nomeado Delegado de Polícia do Tocantins há 1 ano e meio, tomando posse em Araguaína, desafio que encarei de frente com todos os meus amigos da Polícia. Hoje recebo a notícia de meus superiores que serei exonerado do cargo de Delegado-Regional de Araguaína, com muita hombridade e sentimento de dever cumprido, pois, se incomodamos esses malfeitores o trabalho foi realizado da melhor forma possível".
É muita coincidência a exoneração do delegado ter acontecido justamente na semana que foi desencadeada a operação que descobriu uma verdadeira farra com dinheiro público usando a limpeza hospitalar no qual esse lixo estava sendo acumulado em um depósito irregular que já continha 180 toneladas em um galpão pertencente a família do atual líder do governador na Assembleia legislativa Olyntho Neto, no qual o seu pai, o ex-juíz eleitoral João Olinto Garcia de Oliveira teve mandado de prisão expedido e até o fechamento desta matéria é considerado foragido da polícia.
Sindicato dos Delegados de Polícia Emite Nota de Repúdio
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins (Sindepol-TO), Mozart Felix emitiu nota de repúdio em nome do sindicato comunicando a exoneração de Bruno e destacando o trabalho feito pelo delegado que vinha atuando no cargo de delegado desde junho de 2017. "A população de Araguaína reconhece o trabalho desenvolvido pelo regional, pois antes a cidade era considerada uma das mais violentas do Tocantins e com o trabalho intensivo da Polícia Civil esses índices diminuíram. O combate à violência teve avanços com a realização de inúmeras prisões de traficantes, homicidas, ladrões de banco, entre outros. Vale ressaltar também que a Polícia Civil passou a atuar de forma mais incisiva no combate à corrupção". Pontuou Mozar.
O presidente ainda citou o fato de que o irmão do deputado irmão do deputado Olyntho Neto (PSBD) foi detido transportando uma mala com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) no dia 01 de outubro de 2018, em Araguaína. "Luiz Olinto Rotoli Garcia de Oliveira (irmão do deputado) utilizava uma caminhonete da Assembleia Legislativa do Tocantins e era escoltado por Policiais Militares que prestam serviços àquela 
Casa de Leis. Da mesma forma, todos sabem que, no dia 12 de novembro de 2018, uma equipe chefiada pelo Delegado Bruno Boaventura cumpriu mandado de busca e apreensão em imóveis que pertencem ao advogado e ex-juiz eleitoral, João Olinto Garcia de Oliveira (pai do deputado Olyntho Neto)". Destacou Felix que ainda citou que foi instaurado inquérito policial em desfavor do deputado para apurar o uso do carro e dos servidores da assembleia no episódio da apreensão da mala de dinheiro antes da eleição.
"A exoneração do Delegado Bruno Boaventura é algo que nos causa profundo espanto e preocupação com o futuro do Tocantins. Apesar de não estarem publicadas as razões do ato, sabemos que certamente não teriam ligação com os excelentes serviços prestados no cargo ou com o alto grau de satisfação da população de Araguaína com os resultados obtidos. Assim, só nos resta deduzir que se trata de um ato de perseguição política face às investigações que vem sendo desencadeadas e isso não iremos permitir." Declarou o representante da entidade.
(Clique Aqui para ter acesso a nota de repudio na íntegra)
