Os diálogos nas ligações telefônicas interceptadas pela Polícia e que integram uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, Aije, que pode resultar na cassação de mandatos, revelam que até mesmo 1kg de linguiça foi utilizado como moeda de troca na compra de votos para o prefeito João Português nas eleições de 2020 em Luzinópolis-TO.
No dia 15 de novembro de 2020, dia da votação, a Polícia flagrou o seguinte diálogo entre o vereador Carlos Santa Helena e uma interlocutora que está identificada como ‘Cida’:
CIDA - “Aí, eu vou fazer um almoço aqui que dê pra eles, Carlos. Tem como você me dá, nem que for, um QUILO DE LINGUIÇA, filho”?
CARLOS – “TEM, TEM... Nós ajeita. Calma, calma. Eu vou ver se eu ajeito ali na dona Antônia, aí eu passo aí”.
CIDA - “Tá bom”.
Na ação que pode resultar na cassação do prefeito João Português, o Ministério Público Eleitoral afirma que os diálogos captados em interceptações telefônicas e o testemunho de eleitores, somados a outros documentos, constituem um arcabouço probatório firme, robusto e seguro capaz de afirmar a ocorrência de compra de votos e prática de abuso de poder econômico na Eleição 2020. Além de João Português, a ação pede a cassação do vice-prefeito, José Marcos, e do vereador Carlos Alberto Ferreira Sá, o Carlos Santa Helena.
Segundo alega a ação, patrocinada pela coligação do ex-prefeito Gustavo Damasceno, o grupo político do prefeito João Português ofereceu e entregou dinheiro a eleitores em troca de votos e apoio, o que estaria comprovado pelas interceptações telefônicas feitas Pela polícia. À época, a 29ª Delegacia de Polícia Civil de Araguaína-TO já havia grampeado o telefone do vereador Carlos.
Uma equipe do Núcleo de Interceptação de Sinais, da Secretaria de Segurança do Tocantins, registrou um total de 706 ligações/SMS. Destas, foram transcritos 69 áudios, com duração total de 3h12min05. Os áudios foram transcritos literal e integralmente, bem como foi mantida a fidelidade das falas.